Festa do livro no interior

INTERIORIZAÇÃO - Pedro Nunes comparece a eventos literários no interior sempre que é convocado. “Quando Vilarejo saiu, naquela primeira ediçãozinha com a revista Você, eu, Joca e Reinaldo Santos Neves saímos falando da revista e do livro por todo o interior. Fomos divulgando, juntando a fome com a vontade de comer”. E deu certo. A revista vai chegando “ao 60º número” e o livro já teve quatro edições, sendo muito lido no interior. E por quê?, indaga, dando ele mesmo a resposta: “Porque o autor se dispôs a ir ao interior, a ir às escolas, conversar com os alunos, falar sobre o livro”. Essa “interiorização” da cultura, que está concentrada em Vitória, é “fundamental”. Para Pedro, a feira vai “cumprir um papel importantíssimo”. Ele garante sua fé nessa “tournée” que o autor faz em busca do leitor. “Porque a gente sabe que a leitura está em extinção”. Impossível negar. “É uma mídia em extinção”. Os músicos não fazem suas tournées? “Então vamos fazer tournées literárias”. Se o escritor não vai ao local divulgar seu produto, não tem retorno. “Porque aí seu produto não existe, tudo hoje existe em função da mídia”.

Ele considera a ausência de feira de livros em Vitória simplesmente lamentável. “Não sei nem quem é responsável por isso, mas sei que deve estar enfrentando muitas dificuldades, quem não enfrenta dificuldade nesse país maluco?”, enfatiza. Lançamentos há, como lembra. “São lançamentos de qualidade, mas isolados. Tanto que não há expectativa de lucro, a gente tem que ser realista”. Ainda assim, o livro é “um produto viável”. Explica: “Os autores de fora, adotados em escolas, não têm a mesma disponibilidade do escritor local para vir aqui, falar com os alunos. O autor capixaba tem de ser dispor a isso, e a única exigência é que pelo menos seu livro seja adotado, que alguém leia seu livro”. Quem vende o livro quer lucro. “O escritor não, o escritor só quer ser lido. Ninguém pratica literatura no Espírito Santo visando lucro”. Além deVilarejo, Pedro vai levar e divulgar Aninhanha, e anunciar seu próximo livro, Menino, que deve sair dentro de dois meses, tem algo de autobiográfico, e gira em torno da infância no interior. A sua própria, em Calçado. De repente, dentro da programação das, como ele diz, tournées, pode estar Calçado. “Quem sabe? Meu sonho é fazer uma feira em Calçado, ir lá falar do meu livro”.

Trecho de matéria de Márzia Figueira Publicado em A Gazeta em 16 de julho de 1998.

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